Zona de Risco

Acidentes, Desastres, Segurança, Meio Ambiente, Riscos, Ciência e Tecnologia

quarta-feira, julho 30, 2025

EMPRESA QUE NÃO TREINOU EMPREGADO TEM CULPA EXCLUSIVA EM ACIDENTE DE TRABALHO

 A ausência de treinamento prévio faz com que a presunção de culpa por um acidente de trabalho recaia exclusivamente sobre a empresa, ainda que o trabalhador possa ter cometido ato inseguro. Com esse entendimento, a Justiça do Trabalho de SC negou o recurso de uma madeireira de Palma Sola (SC) em ação proposta por um empregado que perdeu três dedos da mão esquerda num acidente ocorrido em 2018.

O acidente aconteceu enquanto o trabalhador e outros três empregados usavam uma prensa de chapas de compensado. Ao tentar acomodar uma das chapas com as mãos, no interior da máquina, o empregado teve três dedos esmagados. A empresa alegou que o equipamento não apresentava problemas e atribuiu o acidente a um erro do próprio empregado, argumentando que o movimento não fazia parte dos procedimentos de operação da máquina.

Ao analisar o caso, o juiz Alessandro Friedrich Saucedo (VT de São Miguel do Oeste) condenou a empresa a pagar um total de R$ 48 mil ao trabalhador, valor que inclui indenização por dano moral e pensão mensal pela perda parcial da capacidade laborativa. Para o magistrado, o alto grau de risco da atividade atrai a responsabilidade do acidente para a madeireira, que não conseguiu demonstrar a culpa exclusiva do trabalhador.

“Entendo que a responsabilidade do empregador é objetiva, pois a atividade desenvolvida pelo autor expôs a riscos excessivos, além daqueles aceitáveis a que estão expostas todas as pessoas”, apontou o juiz, destacando que uma das testemunhas confirmou ser necessário, às vezes, ajustar as chapas manualmente. “Não é possível constatar qualquer conduta da vítima que configurasse ato inseguro durante seus afazeres”, concluiu o magistrado.

FALTA DE TREINAMENTO

A empresa recorreu e o caso voltou a ser julgado, desta vez na 5ª Câmara do Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região (TRT-SC), que também não aceitou o argumento de causa exclusiva do empregado. Na visão do colegiado, o fato de o trabalhador ter recebido apenas um treinamento geral — e não uma capacitação específica para operar a máquina que o vitimou — impede que ele seja responsabilizado pelo acidente. 

“Para que ao empregado seja imputada a prática de ato inseguro, é necessária a comprovação de que este detinha plena ciência quanto à correta operação do equipamento, mas negligenciou as normas procedimentais”, afirmou a desembargadora-relatora Ligia Maria Teixeira Gouvêa. ”Julgo que a culpabilidade recai exclusivamente sobre o empregador, por não ter demonstrado o treinamento do trabalhador para executar de forma segura a sua função.”

Não houve recurso da decisão.

Fonte; Secretaria de Comunicação Social - TRT/SC - 17/03/2020

Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região SC

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sexta-feira, julho 25, 2025

QUEIMADAS ATINGIRAM 30 MILHÕES DE HECTARES NO PAÍS EM 2024

 A primeira edição do Relatório Anual do Fogo do MapBiomas mostra que quase metade de toda a área queimada no Brasil desde 1985 foi na última década

Um quarto (24%) do território nacional, equivalente à soma das áreas do Pará e do Mato Grosso, queimou pelo menos uma vez entre 1985 e 2024.

Nas últimas quatro décadas, 206 milhões de hectares foram afetados pelo fogo com intensidades diferentes em cada um dos seis biomas do País. Ao lado da Amazônia, que bateu recorde de incêndios florestais em 2024, e da Mata Atlântica, que teve a maior área afetada por fogo nas últimas quatro décadas, o Pantanal é destaque: teve 62% de seu território  queimado pelo menos uma vez no período mapeado pelo MapBiomas Fogo.

Os dados também ressaltam a extensão da área queimada em 2024, quando 30 milhões de hectares foram afetados – uma área 62% acima da média histórica de 18,5 milhões de hectares por ano.

 Os dados, obtidos a partir do mapeamento de cicatriz de fogo com imagens de satélite, traçam o mais completo retrato da ação do fogo em todo o território brasileiro e expõem alguns padrões da ocorrência das queimadas e dos incêndios. Além de apresentar a alta concentração do fogo em poucos meses do ano – o período de agosto a outubro responde por 72% da área queimada no Brasil, com um terço (33%) ocorrendo em setembro – o relatório aponta os biomas, estados, municípios e áreas protegidas com maior área queimada. No caso dos biomas, o relatório mostra ainda os que apresentaram maior recorrência do fogo. Em nível nacional, 64% da área afetada pelo fogo em todo o país queimou mais de uma vez entre 1985 e 2024.

O Cerrado é o bioma com maior recorrência do fogo: 3,7 milhões de hectares queimaram mais de 16 vezes em 40 anos.

Outro dado do relatório é o tamanho das cicatrizes deixadas pelo fogo no território. Em média, entre 1985 e 2024, a maior proporção (27%) correspondia a áreas queimadas entre 10 e 250 hectares. Em 2024, porém, quase um terço (29%) da área total queimada foi em mega eventos de fogo com mais de 100 mil hectares afetados. Os dados também mostram que 43% de toda a área queimada no Brasil desde 1985 teve sua última ocorrência de fogo nos últimos 10 anos (2014 a 2023).

Entre 1985 e 2024, 69,5% da área queimada no Brasil ocorreu em vegetação nativa (514 milhões de hectares), porém no ano de 2024 esse percentual subiu para 72,7% (21,8 milhões de hectares). Houve mudança também no tipo de vegetação nativa mais afetada: historicamente, a maior área de vegetação nativa queimada era de formação savânica, com uma média anual de  6,3 milhões de hectares; em 2024, predominou a formação florestal, com 7,7 milhões de hectares – extensão 287% superior à  média histórica.

Os biomas com maior proporção de vegetação nativa afetada pelo fogo entre 1985 e 2024 foram Caatinga, Cerrado, Pampa e Pantanal, todos com mais de 80% da extensão afetada. Na Amazônia e Mata Atlântica, o fogo ocorreu principalmente em áreas antrópicas (mais de 55%). No caso de Amazônia, pastagens respondem por 53,2% da área queimada no período; na Mata Atlântica, 28,9% da extensão queimada eram de pastagem e 11,4% de agricultura.

PANTANAL LIDERA EM ÁREAS MAIORES QUE 100 MIL HECTARES QUEIMADOS

Entre os seis biomas brasileiros, o Pantanal foi o mais afetado pelo fogo nos últimos 40 anos, proporcionalmente. A quase totalidade (93%) dos incêndios ocorreu em vegetação nativa, especialmente em formações campestres e campos alagados (71%). As pastagens representaram 4% das áreas atingidas por fogo. O bioma mostra também uma grande recorrência do fogo: três em cada quatro hectares (72%) queimaram duas vezes ou mais nas últimas quatro décadas. As cicatrizes deixadas costumam ser mais extensas do que em outros biomas: é no Pantanal que se encontra a maior prevalência de extensões queimadas superiores a 100 mil hectares (19,6%).  Áreas com cicatrizes de queimada entre 500 e 10 mil hectares também se destacam (29,5%) e estão distribuídas por diferentes regiões do bioma. No ano passado, houve um aumento de 157% da área queimada no Pantanal na comparação com a média histórica do período avaliado pelo MapBiomas Fogo.

“Os dados históricos mostram a dinâmica do fogo no Pantanal, que se relaciona com a presença da vegetação natural e com os períodos de seca. Em 2024, o bioma queimou na região do entorno do Rio Paraguai, região que passa por maiores períodos de seca desde a última grande cheia em 2018”, explica Eduardo Rosa, coordenador de mapeamento do bioma Pantanal no MapBiomas. No Pantanal, Corumbá foi o município com maior área queimada acumulada entre 1985 e 2024, com mais de 3,8 milhões de hectares.

MATA ATLÂNTICA BATE RECORDE EM 2024

No caso da Mata Atlântica, o ano de 2024 representou um recorde. Os 1,2 milhão de hectares afetados pelo fogo no ano passado, que ficaram 261% acima da média histórica para o bioma, de 338,4 mil hectares por ano, são a maior extensão de área queimada em um único ano desde 1985.  No ano passado, São Paulo concentrou 4 dos 10 municípios com maior proporção de área queimada no Brasil, todos no entorno do município de Ribeirão Preto, uma região predominantemente agrícola.

Entre 1985 e 2024, 8,3 milhões de hectares foram queimados pelo menos uma vez, o que corresponde a 7% do bioma nos últimos 40 anos. A maior parte (60%) das cicatrizes mapeadas ocorreu em área antrópica, sendo a pastagem a classe com maior ocorrência (3,9 milhões de hectares). Entre os tipos de cobertura natural, as formações campestres lideram, com 2,2 milhões de hectares queimados no período analisado. As áreas queimadas menores que 250 hectares são predominantes (80,7%). Quase três em cada quatro hectares afetados pelo fogo na Mata Atlântica (72%) entre 1985 e 2024 queimaram somente uma vez nos últimos 40 anos.

“As áreas naturais na Mata Atlântica são especialmente vulneráveis ao fogo, que não faz parte da dinâmica ecológica desse bioma. Quando ocorrem, os incêndios acabam trazendo grandes impactos aos escassos remanescentes florestais dentro do bioma. Além dos prejuízos ambientais — como a degradação dos serviços ecossistêmicos relacionados ao clima, à água e ao solo — são evidentes os danos econômicos e, principalmente, os para a saúde e qualidade de vida da população”, aponta Natalia Crusco, da equipe da Mata Atlântica do MapBiomas.

RECORDE DE ÁREA QUEIMADA NA AMAZÔNIA EM 2024

Em 2024, a Amazônia registrou a maior área queimada de toda a série histórica iniciada em 1985 e foi, de longe, o bioma que mais queimou no país. O bioma apresentou aproximadamente 15,6 milhões de hectares queimados, um valor 117% superior à sua média histórica. Essa área correspondeu a 52% de toda área nacional afetada pelo fogo em 2024, tornando a Amazônia como o principal epicentro do fogo no Brasil no ano passado.

Além do recorde em extensão, 2024 também marcou  uma mudança em termos qualitativos: pela primeira vez na série histórica, a vegetação florestal tornou-se a classe de cobertura e uso da terra mais afetada pelo fogo na Amazônia. Foram 6,7 milhões de hectares de florestas  afetados pelo fogo (equivalente a 43% da área queimada no bioma), superando os 5,2 milhões de hectares de pastagem queimados (33,7%). Historicamente, as pastagens sempre haviam sido a classe mais atingida pelo fogo no bioma.

“O fogo não é um elemento natural da dinâmica ecológica das florestas amazônicas. As áreas queimadas que marcaram o bioma em 2024 são resultado da ação humana, especialmente em um cenário agravado por dois anos consecutivos de seca severa. A combinação entre vegetação altamente inflamável, baixa umidade e o uso do fogo  criou as condições perfeitas para a propagação do mesmo em larga escala, levando a um recorde histórico de área queimada na região.” afirma Felipe Martenexen, coordenador de mapeamento do bioma Amazônia do MapBiomas.

AMAZÔNIA E CERRADO CONCENTRAM 86% DA ÁREA QUEIMADA NO BRASIL

O Cerrado também se destaca pela extensão afetada pelo fogo. Juntos, Cerrado e Amazônia,  responderam por 86% da área queimada pelo menos uma vez no Brasil entre 1985 e 2024: foram 89,5 milhões de hectares no Cerrado e 87,5 milhões de hectares na Amazônia. Embora a área queimada nos dois biomas seja semelhante, há uma grande diferença em termos proporcionais, uma vez que a área total da Amazônia é quase o dobro do Cerrado. Por isso, na Amazônia, a área queimada pelo menos uma vez nos últimos 40 anos corresponde a 21% do bioma; no Cerrado, esse percentual é de 45%. 

É também na Amazônia e no Cerrado que se encontram os três estados brasileiros líderes em área queimada: Mato Grosso, Pará e Maranhão. Juntos, eles concentram 47% da área queimada em todo o Brasil entre 1985 e 2024.  Entre os 15 municípios brasileiros que mais queimaram – e que, juntos, respondem por 10% de toda a área afetada pelo fogo no Brasil nos últimos 40 anos – sete estão no Cerrado e seis na Amazônia.

No Cerrado, a área queimada, de 10,6 milhões de hectares em 2024, equivale a 35% do total queimado no país no ano passado e representa um crescimento de 10% em relação à média histórica de 9,6 milhões de hectares por ano.

“Historicamente, o Cerrado evoluiu com a presença de fogo natural, geralmente provocado por raios durante o início da estação chuvosa. No entanto, o que temos observado é um aumento expressivo dos incêndios no período de seca, impulsionado principalmente por atividades humanas e agravado pelas mudanças climáticas. Um dado especialmente preocupante é o avanço do fogo sobre as formações florestais no Cerrado, que em 2024 atingiram a maior extensão queimada dos últimos sete anos — uma mudança na dinâmica do fogo que ameaça de forma crescente a biodiversidade e a resiliência desse bioma” comenta Vera Arruda pesquisadora do IPAM e coordenadora técnica do MapBiomas Fogo.

CAATINGA E PAMPA: QUEIMADAS ABAIXO DA MÉDIA EM 2024

Na Caatinga, a extensão queimada, de 11,15 milhões de hectares queimados entre 1985 a 2024, representou 13% do bioma. Cerca de 38% da área queimada no bioma foi afetada pelo fogo mais de uma vez ao longo dos últimos 40 anos. A prevalência foi de áreas menores que 250 hectares (53%). As formações savânicas são o tipo de vegetação mais afetado pelo fogo (79%) na Caatinga, e representam 95% da vegetação nativa. Em 2024, houve uma redução da área queimada de 16% com  404 mil hectares queimados  a respeito da média histórica de 480 mil hectares.

“Apesar de o fogo não ser um elemento natural predominante na dinâmica ecológica da Caatinga, sua recorrência em determinadas regiões chama a atenção. As formações savânicas têm sido as mais impactadas, o que reforça a importância do monitoramento. A queda observada em 2024, com valores abaixo da média nos últimos 10 anos da série histórica, é positiva, mas não garante uma tendência de redução a longo prazo.”  aponta Soltan Galano da equipe Caatinga do MapBiomas.

PAMPA

O Pampa, por sua vez, tem a menor área queimada – tanto em extensão (495 mil hectares), como proporcionalmente em relação ao total do bioma (3%). Apesar de um leve aumento em relação a 2023, os valores permaneceram abaixo da média anual, de 15,3 mil hectares. O ano com maior área queimada dentro do período analisado foi 2022, com 36,2 mil hectares.

As áreas queimadas no Pampa são predominantemente pequenas, com cerca de 93% das cicatrizes de fogo atingindo menos de 250 hectares. A maior parte dos incêndios (95%) ocorre em áreas naturais, predominando nas formações campestres. A silvicultura foi o tipo de uso antrópico com maior extensão de área queimada (19,6 mil hectares).

“A proporção de área queimada no Pampa costuma ser baixa. Em 2024 os valores ficaram abaixo da média histórica, especialmente por conta  do fenômeno El Niño. No sul do Brasil,  ele se manifesta com volumes expressivos de chuva, como as observadas no primeiro semestre — que incluíram  as enchentes de maio. Embora o fogo ocorra em menor escala no bioma, muitas áreas naturais estão sujeitas a incêndios catastróficos nos períodos mais secos, como as áreas pantanosas e os campos com grande acúmulo de biomassa, que resultam em danos ambientais expressivos”, afirma Eduardo Vélez, coordenador de mapeamento do bioma Pampa do MapBiomas.

Na avaliação dos pesquisadores, os dados traçam o mais completo retrato da ação do fogo em todo o território nacional e expõem alguns padrões da ocorrência das queimadas e dos incêndios.

“O relatório permite apoiar o planejamento de medidas preventivas e direcionar de forma mais eficaz os esforços de combate aos incêndios”, conclui Ane Alencar, diretora de Ciências do IPAM e coordenadora do MapBiomas Fogo. Fonte: MapBiomas - 24 de junho de 2025

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quarta-feira, julho 16, 2025

O RISCO DE BEBER ÁGUA DA CHUVA

Estudo encontra agrotóxicos em amostras recolhidas em cidades paulistas. Exposição crônica mesmo a baixas doses dessas substâncias pode causar danos à saúde.

A água da chuva se tornou uma fonte alternativa de água potável devido à escassez causada pelas mudanças climáticas e ao crescimento populacional. No entanto, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) não recomendam o uso dessa água para beber, cozinhar ou tomar banho sem tratamento prévio e enfatizam que a análise dela é importante já que pode detectar contaminantes.

E foi justamente isso que um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) fez. Eles coletaram amostras de água da chuva entre agosto de 2019 e setembro de 2021 em três cidades paulistas: Campinas, Brotas e a capital São Paulo. Eles descobriram que essa água pode ser uma fonte de contaminação por agrotóxicos.

Segundo a pesquisa, cujo resultado foi divulgado na revista científica Chemosphere no final de abril, 14 tipos de agrotóxicos foram identificados nessas amostras.

"Nós já sabíamos que uma quantidade de agrotóxico é encontrada nas águas dos rios, mas na água da chuva foi a primeira vez que foi estudado no Brasil. Isso mostra que essas partículas de agrotóxicos estão presentes no ar", explica Cassiana Montagner, pesquisadora do Instituto de Química da Unicamp, coordenadora do Laboratório de Química Ambiental.

Os agrotóxicos podem chegar aos rios de várias maneiras, como através do escoamento superficial da água da chuva que carrega os produtos químicos, do manejo inadequado do solo ou do vazamento ou derramamentos acidentais.

OS AGROTÓXICOS ENCONTRADOS

O herbicida atrazina, usado em larga escala pelo agronegócio no país, foi detectado em todas as amostras de água da chuva coletadas nas três cidades que integram o estudo e o fungicida carbendazim, que tem seu uso proibido no Brasil, foi encontrado em 88% do material coletado. Em Brotas ele foi o agrotóxico encontrado em maior quantidade. O herbicida tebuthiuron foi detectado pela primeira vez em água de chuva, estando presente em 75% das amostras.

Em 2022, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu o uso do carbendazim, dando o prazo de doze meses para que os agricultores se adequassem à nova regra. A substância pode causar mutações genéticas, diminuir a fertilidade e prejudicar o feto.

As concentrações dos agrotóxicos encontradas nas amostras não ultrapassaram os limites permitidos para a água potável no Brasil. Porém, algumas das substâncias detectadas não têm padrões de segurança estabelecidos, ou seja, não há indicadores de concentração segura.

Além disso, segundo os pesquisadores, a exposição crônica mesmo a baixas doses dessas substâncias pode causar danos à saúde humana a longo prazo. "Ninguém bebe ou tem contato com essa água da chuva todos os dias, então o risco não é direto. Mas esse estudo acende um alerta. Por exemplo, alguns desses produtos têm relação com doenças crônicas como infertilidade, doenças neurológicas, respiratórias e podem causar câncer", acrescenta Montagner.

PRESENTES NA ATMOSFERA

Com relação ao reuso, a pesquisadora afirma que não há problemas em usar essa água da chuva para lavar os quintais, por exemplo.

Outro ponto importante, segundo o estudo, é que ao encontrar essas partículas de agrotóxicos na água da chuva, isso mostra que essas substâncias estão presentes na atmosfera, ou seja, também pode estar presente no ar que respiramos.

A pesquisa apontou também que Campinas foi a cidade que apresentou a maior concentração de agrotóxicos, com 701 microgramas por metro quadrado. O município tem quase metade do território ocupado por lavouras – o maior território de plantio entre as cidades analisadas no estudo.

Em Brotas, onde os plantios ocupam 30% da cidade, ficou em segundo lugar com a média de 680 microgramas por metro quadrado. Já em São Paulo, que possui apenas 7% do seu território agrícola, os índices chegaram a 223.

COMO OS AGROTÓXICOS VÃO PARAR NA ÁGUA DA CHUVA

Parte dos agrotóxicos aplicados nas lavouras se dissipa na atmosfera e pequenas partículas podem se condensar nas gotículas de água que formam a chuva. Com a precipitação, o produto retorna ao solo e pode alcançar locais mais distantes das plantações. Isso acontece porque fatores como vento, temperatura e umidade influenciam na sua distribuição.

O que ocorre com os agrotóxicos é semelhante ao que ocorre com a chuva ácida. Esse tipo de chuva é caracterizado pelos níveis elevados de ácidos sulfúrico e nítrico, formados pela reação de dióxido de enxofre (SO₂) e óxidos de nitrogênio (NOₓ) com a umidade da atmosfera. Esses poluentes são liberados principalmente pela queima de combustíveis fósseis.

A diferença é que a quantidade de micropartículas de agrotóxicos encontradas na água da chuva, ainda estão em uma quantidade pequena, quando comparada à chuva ácida. "Eu não diria que é uma nova vertente da chuva ácida, mas sim, mais um poluente que estamos encontrando na água da chuva", diz Montagner.  Fonte:  DW - 24/05/2025 

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sexta-feira, julho 11, 2025

MISTÉRIO DOS JAVALIS RADIOATIVOS DA ALEMANHA

 Animais da Baviera foram afetados pelo desastre nuclear de Chernobyl em 1986. Desde então, várias espécies se recuperaram. Mas níveis de radioatividade permaneceram elevados em javalis. Cientistas explicam o porquê.

O acidente nuclear de Chernobyl, em 1986, na antiga União Soviética, teve um grande impacto negativo na fauna e na flora da Europa Central. Nos anos seguintes ao desastre, o consumo de cogumelos e de carne de animais silvestres foi desencorajado devido à contaminação radioativa, especialmente no sul da Alemanha.

Nos últimos anos, a contaminação em veados e corças selvagens diminuiu. Mas a radiação em javalis permaneceu elevada, em contraste com outros animais. Isso ficou conhecido como o "paradoxo do javali". Agora, um grupo de pesquisadores acredita ter encontrado a razão da persistência dessa contaminação. Os resultados foram divulgados nesta quarta-feira (30/08) na revista Environmental Science & Technology.

Os pesquisadores estudaram especificamente 48 javalis (Sus scrofa) abatidos no estado alemão da Baviera entre 2019 e 2021, a cerca de 1.300 quilômetros de distância da antiga usina de Chernobyl. Eles encontraram uma exposição desproporcional ao isótopo radioativo césio-137 entre 370 e 15.000 becqueréis por quilograma, ou 25 vezes mais do que o limite legal de 600 becqueréis permitido pela União Europeia (UE). E nem toda essa contaminação tem origem no acidente de Chernobyl.

CHERNOBYL NÃO É A ÚNICA CAUSA

Estudos anteriores calcularam que cerca de 10% do césio radioativo presente nos javalis da Baviera remontava a testes de armas nucleares na década de 1950 e 1960. Os outros 90% seriam resultado do desastre de Chernobyl.

No entanto, a nova análise revelou que a maior quantidade de césio-137 detectada nos javalis estudados foi liberada durante os testes de armas nucleares que antecederam a catástrofe de Chernobyl. Especificamente, até 68% do césio presente nos javalis veio de antigos testes de armas nucleares - uma proporção surpreendentemente elevada.

"Mesmo que Chernobyl não tivesse acontecido, algumas amostras excederiam o limite", explica o cientista Georg Steinhauser, radioecologista da Universidade Técnica de Viena e coautor do estudo.

Até hoje, mesmo 60 anos depois do auge, as consequências ambientais e para a saúde dos testes de armas nucleares têm sido pouco estudadas.

UM TIPO DE TRUFA PODE ESTAR POR TRÁS DA CONTAMINAÇÃO

O cientista sugere que um tipo de cogumelo, conhecido como trufa de veado (da família Elaphomyces) pode ser o responsável por essa radioatividade "tardia" nos javalis. Como o césio é absorvido lentamente pelo solo, pode levar bastante tempo até que chegue aos fungos locais, que depois são consumidos pelos javalis, que têm uma preferência alimentar por cogumelos e trufas.

"Isso explica por que o césio 'velho' é encontrado desproporcionalmente em javalis", aponta Steinhauser.

"As trufas de veado, que podem ser encontradas a profundidades de 20 a 40 centímetros, só agora estão absorvendo o césio liberado em Chernobyl. O césio dos antigos testes de armas nucleares, por outro lado, já chegou lá há algum tempo."

Assim, também não se espera que a contaminação da carne de javali diminua significativamente nos próximos anos, porque só agora parte do césio de Chernobyl está sendo incorporado nas trufas.

"O nosso trabalho mostra quão complicadas podem ser as interrelações nos ecossistemas naturais", diz Steinhauser. "Mas também mostra precisamente que as respostas a tais enigmas podem ser encontradas se as medições forem suficientemente precisas."

O LEGADO DOS TESTES NUCLEARES

Os Estados Unidos e a União Soviética realizaram mais de 900 testes nucleares nas décadas de 1950 e 1960, durante a Guerra Fria - destes, mais de 400 foram feitos na superfície, liberando radiação na atmosfera.

O césio-137 tem meia-vida física (tempo necessário para que metade dos átomos presentes em uma amostra radioativa desintegre-se) de cerca de 30 anos, o que significa que 25% da radioatividade liberada pelos testes ainda permanece. Enquanto isso, o material liberado pela usina de Chernobyl ainda apresenta cerca de 42%.

MEDIÇÃO DA RADIOATIVIDADE ANTES DO CONSUMO

O Departamento Federal de Proteção Radiológica da Alemanha (BfS, na sigla em alemão) aponta que muitos cogumelos, especialmente na Baviera, ainda estão contaminados com césio radioativo.

Em certos cogumelos, foram medidos mais de 4.000 becqueréis de césio-137 por quilograma de massa durante testes dos anos de 2019 a 2021. No entanto, a origem do material radioativo não foi investigada nesses testes.

Segundo o Centro Alemão de Pesquisa do Câncer (DKFZ, na sigla em alemão), o césio-137 pode se acumular no tecido ósseo e danificar o material genético. A longo prazo, isso pode provocar câncer nos ossos e leucemia. Portanto, tanto os caçadores quanto os coletores de cogumelos devem medir os níveis de radiação antes de consumirem fungos e carne de animais silvestres.

A carne de javali, por muito tempo, foi considerada uma iguaria na região. Mas, nas últimas décadas, o consumo vem diminuindo, destaca Steinhauser.

Segundo ele, isso também traz impactos ecológicos: sem um grande consumo, a caça a javalis pode diminuir, aumentando a possibilidade de que as populações desse animal cresçam de forma incontrolável, ameaçando as florestas da Baviera, uma vez que muitos javalis podem causar danos à vegetação e às fazendas próximas. DW - 01/09/2023

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sexta-feira, julho 04, 2025

MORTES DE OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL EM SP AUMENTAM

Acidentes no setor no estado subiram de 10.725 para 11.987 no mesmo período, segundo dados de Comunicação de Acidentes de Trabalho (CAT) na plataforma do governo federal eSocial.

 Número de acidentes com mortes no setor da construção civil aumentou de 52, em 2023, para 57, em 2024, em São Paulo, o equivalente a 10%.

· Dados são de Comunicação de Acidentes de Trabalho (CAT) na plataforma do governo federal eSocial.

·  Atividades com mais acidentes e, consequentemente, mortes são construção de edifícios, incorporação de empreendimentos imobiliários e serviços de engenharia.

O número de operários do setor da construção civil no estado de São Paulo que morreram no trabalho aumentou nos últimos anos. Em 2023, foram registrados 10.725 acidentes, que ocasionaram 52 mortes. Em 2024, as ocorrências saltaram para 11.987, com 57 óbitos.

Em 2025, só nos quatro primeiros meses, já são 4.010 acidentes com 15 mortes. Os dados são de Comunicação de Acidentes de Trabalho (CAT) na plataforma do governo federal eSocial, registro oficial de acidente ou doença ocupacional ocorrido com um trabalhador feito pelo empregador.

O documento apresenta dados de CATs no setor da construção civil no estado de São Paulo com base nos CNAEs (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) mais comuns do setor.

As atividades com mais acidentes e, consequentemente, mortes são construção de edifícios, incorporação de empreendimentos imobiliários e serviços de engenharia.

·   Construção de edifícios: 2.301 acidentes e 8 mortes em 2023; em 2024, foram 2.590 acidentes e 12 óbitos.

·   Incorporação de empreendimentos imobiliários: 2.196 acidentes e 9 mortes em 2023; em 2024, foram 2.573 acidentes e 10 óbitos.

·  Serviços de engenharia: 916 acidentes e 3 mortes em 2023; em 2024, foram 998 acidentes e 7 óbitos.

Na segunda-feira (19), três operários morreram após a queda de um elevador de carga na obra de um condomínio residencial Reserva Raposo, na Zona Oeste de São Paulo.

AUMENTO DE 14% NOS ACIDENTES EM 2025

Os números de acidentes, no entanto, podem ser maiores, segundo a coordenadora-geral de fiscalização em segurança e saúde no trabalho no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) Viviane de Jesus Forte.

Em uma reunião ao vivo transmitida online em 28 de abril, no dia da Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho, ela chamou atenção para a subnotificação e falta de padronização nos procedimentos de registro de acidentes.

"O setor de construção civil se destaca na geração de ocorrências de acidentes fatais", disse ela, na ocasião.

Diferentemente do eSocial, onde o registro é feito pelo empregador, os dados de acidentes trabalhistas fornecidos pela Secretaria da Saúde do estado são registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) do Ministério da Saúde. Ou seja, esses dados são cadastrados e notificados pelos municípios, cabendo a eles também a investigação destes casos.

Dados da pasta da Saúde de São Paulo também mostram o aumento nos acidentes de trabalho em atividades da construção civil em 2025.

O estado registrou um aumento de 13,9% nos acidentes de trabalho em atividades da construção civil até março de 2025, na comparação com o mesmo período do ano passado.

Até março deste ano, 377 casos foram registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde. O número equivale a mais de quatro acidentes por dia. Em todo o ano passado, foram 1.390 casos de acidentes de trabalho no setor. 

Dados de CATs no setor da construção civil no estado de São Paulo com base nos CNAEs (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) mais comuns do setor. Fonte: g1 SP — São Paulo - 20/05/2025

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segunda-feira, junho 23, 2025

A GESTÃO DOS NANOMATERIAIS NO LOCAL DE TRABALHO

 Os nanomateriais são partículas minúsculas, invisíveis ao olho humano. Ainda assim, estão presentes no nosso dia-a-dia, em produtos como os alimentos, os cosméticos, os produtos eletrônicos e os medicamentos.

Alguns nanomateriais são naturais, outros são produtos derivados de atividades humanas ou são fabricados para fins específicos. Apesar de os nanomateriais possuírem muitas propriedades benéficas, os riscos dos mesmos para a saúde ainda são muito desconhecidos. Sendo assim, é importante gerir com especial precaução estes materiais durante o decorrer das investigações.

O QUE SÃO OS NANOMATERIAIS?

Em termos gerais, as organizações definem como nanomateriais os materiais que contêm partículas com uma ou mais dimensões externas na gama de tamanhos compreendidos entre 1 e 100 nanômetros (nm).  .

Até 10 000 vezes menor do que um cabelo humano, os nanomateriais são, no que diz respeito às dimensões, comparáveis aos átomos ou moléculas, indo buscar o nome às suas estruturas diminutas (um nanômetro equivale a 10–9 de um metro). Não só devido às suas dimensões diminutas, mas também devido a outras características físicas ou químicas que incluem, entre outras, o seu formato e área de superfície, os nanomateriais diferem, em termos de propriedades, dos mesmos materiais utilizados em maior escala.

Devido a estas diferenças, os nanomateriais oferecem novas oportunidades interessantes em áreas como a engenharia, a tecnologia da informação e da comunicação, a medicina e a farmácia, para referir apenas algumas. Contudo, essas mesmas características que conferem propriedades únicas aos nanomateriais também são responsáveis pelos seus efeitos na saúde humana e no ambiente.

ONDE PODEMOS ENCONTRAR OS NANOMATERIAIS?

Os nanomateriais estão naturalmente presentes nas emissões vulcânicas, ou podem ser produtos derivados da atividade humana como, por exemplo, gases de escape dos motores diesel ou fumo de tabaco.  Mas aqueles que suscitam maior interesse são os nanomateriais fabricados. Esses já se encontram presentes num amplo leque de produtos e aplicações.

Alguns desses nanomateriais são já usados há décadas, tais como a sílica sintética amorfa, em concreto, pneus e produtos alimentares. Outros só há pouco tempo foram descobertos, tais como o dióxido de nanotitânio, usado como agente bloqueador de raios UV em tintas ou protetores solares; a nanoprata, usada como agente antibacteriano em aplicações têxteis e medicinais; ou os nanotubos de carbono, frequentemente utilizados pela sua resistência mecânica e leveza, e pelas suas propriedades de dissipação do calor e de condutividade elétrica em aplicações como a eletrotecnia, o armazenamento de energia, as estruturas de aeronaves espaciais e veículos e a fabricação de equipamento desportivo. Estamos a assistir a um contínuo e rápido desenvolvimento de novas gerações de nanomateriais, o qual deverá ser acompanhado pelo crescimento do mercado para estes produtos.

QUE PREOCUPAÇÕES DE SAÚDE E SEGURANÇA ESTÃO ASSOCIADAS AOS NANOMATERIAIS?

Os riscos para a saúde são uma preocupação significativa da utilização dos nanomateriais. O Comité Científico dos Riscos para a Saúde Emergentes e Recentemente Identificados (SCENIHR) descobriu que alguns nanomateriais fabricados implicavam riscos concretos para a saúde. No entanto, nem todos os nanomateriais têm necessariamente um efeito tóxico, sendo necessária uma abordagem caso a caso à medida que a investigação prossegue.

Os efeitos dos nanomateriais que suscitam maior preocupação ocorrem;

·        Nos pulmões e incluem, entre outros, inflamação e lesões nos tecidos, aparecimento de fibroses e tumores.

·        O sistema cardiovascular também pode ser afetado. Alguns tipos de nanotubos de carbono podem ter os mesmos efeitos que o amianto.

·        Além dos pulmões, descobriu-se que os nanomateriais podem afetar também outros órgãos e tecidos, incluindo o fígado, os rins, o coração, o cérebro, os ossos e os tecidos moles.

RISCO DE EXPLOSÃO

Devido às suas dimensões diminutas e à sua grande área de superfície, as nanopartículas em pó podem apresentar risco de explosão, ao contrário do que acontece com os respetivos materiais mais grossos.

GESTÃO DE RISCOS DOS NANOMATERIAIS NO LOCAL DE TRABALHO

Cabe ao empregador avaliar e gerir os riscos dos nanomateriais no local de trabalho. Se a utilização e produção de nanomateriais não puder ser eliminada ou substituída por materiais e processos menos perigosos, a exposição dos trabalhadores deve ser minimizada através da adoção de medidas preventivas e hierarquizadas, estabelecendo-se a seguinte ordem de prioridades:

·        Apesar das muitas incertezas, existem também muitas preocupações sobre os riscos dos nanomateriais para a saúde e a segurança. Como tal, os empregadores devem, juntamente com os trabalhadores, estabelecer medidas de prevenção baseadas numa gestão prudente dos riscos.

·        A identificação dos nanomateriais, das suas fontes de emissão e dos níveis de exposição pode não ser tarefa fácil.

·        Descubra que outras medidas de gestão de nanomateriais foram adotadas por outras empresas. Boas práticas empresariais relativas a uma gestão eficiente de nanomateriais no local de trabalho.

Fonte: Agência Européia para a Segurança e Saude no Trabalho

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quarta-feira, junho 18, 2025

PRÉDIOS COM VIDRAÇAS NAS CIDADES AMEAÇAM AVES

PRÉDIOS COM VIDRAÇAS NAS CIDADES AMEAÇAM AVES, APONTA PESQUISA


Um estudo publicado nesta semana no periódico Ecology mostrou que 4.103 aves colidiram com janelas de vidro em um período de sete décadas em 11 países das Américas Central e do Sul.

Segundo a pesquisa, coordenada por dois pesquisadores brasileiros e por um cientista da Universidade de Helsinque (Finlândia), observou que mais de 500 espécies sofreram acidentes com essas estruturas, algumas ameaçadas de extinção, entre 1946 e 2020.

O levantamento mostrou que 2.537 aves morreram imediatamente após as colisões, e 1.515 foram encontradas vivas e encaminhadas a centros de reabilitação. As épocas em que ocorreram os acidentes provavelmente coincidem com períodos de migração e reprodução das espécies, de acordo com o estudo.

Apenas no Brasil, foram analisados os registros de 1.452 incidentes, incluindo indivíduos de espécies ameaçadas de extinção, como gavião-pombo-pequeno (Buteogallus lacernulatus), cigarrinha-do-sul (Sporophila falcirostris) e saíra-pintor (Tangara fastuosa), endêmicas da Mata Atlântica.

A pesquisa foi liderada por Augusto João Piratelli, da Universidade Federal de São Carlos, Bianca Ribeiro, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, e por Ian MacGregor-Fors (Universidade de Helsinki, Finlândia). Também colaboraram com o estudo mais de 100 pesquisadores, incluindo vários brasileiros.

Pesquisadora do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA), Flávia Guimarães Chaves, foi uma das colaboradoras do estudo. Segundo ela, o levantamento mostra que janelas e outras estruturas urbanas de vidro ameaçam as aves, já que elas não enxergam essa barreira.

"Na cidade de São Paulo, foram 629 colisões de aves. Não havia muita diferença se o vidro dessas residências ou prédios era translúcido ou reflexivo", explica a pesquisadora.

De acordo com a pesquisadora, o estudo poderá subsidiar políticas públicas, normas de construção e campanhas de conscientização voltadas à redução das colisões com vidros, um passo importante para tornar as cidades mais amigáveis à biodiversidade.

"Um passo importante para tornar as cidades mais amigáveis [para as aves] são ações simples como a aplicação de adesivos nos vidros, como bolinhas numa distância entre dez e 15 centímetros, de forma simétrica, que fazem com que as aves possam enxergar esses vidros. Outra possibilidade é utilizar cortinas antirreflexo e persianas nas janelas. No período da construção ou reforma, pode-se optar por vidros que sejam serigrafados, que possuem faixa UV na sua composição e são enxergadas pelas aves". Fonte: Agência Brasil - Publicado em 15/06/2025

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quarta-feira, junho 11, 2025

JUNDIAÍ APURA VAZAMENTO DE CORANTE QUE TINGIU AVES EM PARQUE


 A prefeitura de Jundiaí, São Paulo, informou que estão sendo apuradas as causas da contaminação de um córrego e do rio que banha a cidade por um corante químico que causou o tingimento de animais (patos e gansos) no Parque das Tulipas.

Segundo a prefeitura, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) fará análises ambientais ao longo de todo o curso do córrego e do rio, para verificar os níveis de contaminação e a qualidade da água.

ACIDENTE

O incidente ocorreu na tarde de terça-feira (13/05),  após o motorista de uma carreta descer do veículo, que começou a se mover sozinho e colidiu com um poste, danificando os recipientes que armazenavam o líquido, que foi derramado na rua.

CORANTE ATINGE O CÓRREGO

"Devido à grande quantidade derramada, o produto escoou até uma boca de lobo localizada a cerca de 50 metros do local do impacto. Essa boca de lobo tem ligação direta com o córrego do Jardim das Tulipas, que atravessa o parque do bairro e deságua no Rio Jundiaí", explicou a prefeitura.

DEFESA CIVIL E GRUPOS DE APOIOS

Ainda de acordo com a prefeitura, equipes da Defesa Civil, da Divisão Florestal da Guarda Municipal, da organização não governamental (ONG) Mata Ciliar, do Departamento de Bem-Estar Animal e do Grupo de Apoio e Defesa dos Animais atuaram de forma conjunta para resgatar e preservar a vida dos patos e gansos atingidos. Alguns estão sob os cuidados da Mata Ciliar e outros foram colocados em uma área isolada do parque.

Segundo a prefeitura, a Defesa Civil de Jundiaí e uma força-tarefa da prefeitura estão prestando suporte às ações, envolvendo diversos órgãos municipais desde o início da ocorrência.

ANALISE DA CONTAMINAÇÃO NO CÓRREGO

"No momento, os esforços estão concentrados na análise da contaminação no córrego, no Parque das Tulipas e no Rio Jundiaí. A Cetesb deverá realizar análises ambientais ao longo de todo o curso do córrego e do rio, para verificar os níveis de contaminação e a qualidade da água".

A Cetesb informou que, como medidas de controle, orientou a diluição do corante em água e está fazendo o monitoramento contínuo, para garantir a saúde dos organismos aquáticos e animais no local.

"O produto vazado é à base de água, não classificado como inflamável ou reagente, usado em fazendas de peixes e camarões, para tratar fungos e parasitas", acrescentou a companhia.

MULTA

A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) informou ter multado a fabricante e a transportadoras envolvidas no vazamento de corantes que atingiu um córrego e chegou ao Rio Jundiaí. Cada empresa foi autuada em R$ 370,2 mil.

“Além das multas, o fabricante deverá adotar medidas de segurança para prevenir novos acidentes, incluindo sistemas de contenção e protocolos de carga e descarga, processo que será acompanhado pela Companhia”, diz a nota da empresa. Fontes: Agência Brasil-Publicado em 15/05/2025; Agência Brasil - Publicado em 04/06/2025

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quinta-feira, junho 05, 2025

PASSAGEIRO MORRE NA PLATAFORMA DA ESTAÇÃO CAMPO LIMPO

PASSAGEIRO MORRE AO FICAR PRESO ENTRE METRÔ E PORTA DE PLATAFORMA DA ESTAÇÃO CAMPO LIMPO

Um passageiro morreu na manhã de terça-feira (6) depois de ficar preso entre o trem e a porta da plataforma da estação Campo Limpo da linha 5-lilás, na zona sul de São Paulo.

O acidente ocorreu por volta das 8h, quando as estações têm grande fluxo de passageiros.

TESTEMUNHA

Um passageiro disse que a cena foi desesperadora.

"A porta fechou, a primeira porta do desembarque dos passageiros e a porta do trem, junto com o rapaz. O trem passou por cima dele. Todo mundo começou a chorar na hora, foi desesperador. Não sei nem como mencionar na verdade, não tenho nem cabeça pra isso. Ele ficou preso entre o trem e a porta", afirmou o gestor comercial Bruno Moreira Costa, em entrevista à TV Globo.

VIA MOBILIDADE RESPONSÁVEL PELA VIA

"Mesmo após todos os alarmes visuais e sonoros, ele tentou entrar no trem e acabou ficando preso entre as portas. Neste momento, todos os esforços da concessionária estão concentrados na identificação da vítima, que não portava documentos, e de seus familiares para prestar o suporte necessário", afirmou a ViaMobilidade, que lamentou o acidente.

A empresa ressaltou que está colaborando com as autoridades e que está registrando boletim de ocorrência.

ESPECIALISTA APONTA FALHA

Luis Kolle, presidente da AEAMESP (Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Metrô), afirmou que mesmo o passageiro tendo responsabilidade no acidente, houve falha no sistema.

"A atitude do passageiro foi indevida, mas a gente não pode culpar a vítima. Houve uma fatalidade, mas é preciso pensar na melhoria do sistema, porque se aconteceu de uma pessoa ficar presa, alguma coisa no sistema falhou", afirmou.

De acordo com Kolle, em uma situação de risco o trem não deveria ter conseguido partir.

"O trem não deveria ter conseguido partir. Ali tem que ter um sensor, tem que detectar que tem uma pessoa ali. A porta de plataforma teria de abrir de novo. A porta do trem até poderia permanecer fechada, mas a porta de plataforma deveria abrir para a pessoa sair dali da zona de risco. Algum erro de procedimento, alguma falha aconteceu", afirmou.

Apesar da avaliação, o presidente da associação reforçou que somente a perícia técnica vai poder afirmar as causas do acidente.


PLATAFORMA

A porta da plataforma funciona como uma proteção que bloqueia o acesso ao trilho e impede a queda de algum passageiro quando o trem não está no local. Quando o trem para na plataforma e fecha as portas, fica um espaço entre a porta da plataforma e a do trem. Foi nesse vão que o passageiro ficou preso.

NOTA DA  CONCESSIONÁRIA

Em nota, a concessionária diz que a linha 5-lilás dispõe de um sistema, utilizado nacional e internacionalmente, de sensores de obstrução de portas para impedir que os trens partam com as portas abertas, mas não de presença.

"No caso em questão, mesmo após os alarmes visuais e sonoros, ao tentar entrar no vagão, o passageiro acabou ficando no espaço entre o trem e a plataforma, onde não há sensores. Como tanto as portas de plataforma quanto as do vagão estavam fechadas, o trem partiu", afirma trecho da nota da empresa, que diz realizar regularmente campanhas para alertar os passageiros sobre a importância de não entrar nem sair do trem após os alarmes nem tentar segurar as portas.

Mesmo após os alarmes visuais e sonoros, ao tentar entrar no vagão, o passageiro acabou ficando no espaço entre o trem e a plataforma, onde não há sensores. Como tanto as portas de plataforma quanto as do vagão estavam fechadas, o trem partiu

A plataforma tem aviso sonoro e luminoso, mensagem por alto-falantes, faixa amarela de sinalização de segurança, e sensores de movimento nas portas do vagão.

EMPRESA INSTALARÁ SENSORES NOS VÃOS DA PLATAFORMA

O vão entre o trem e a porta da plataforma das estações da Linha 5-Lilás do metrô, administradas pela ViaMobilidade, não tem sensores de presença, que evitam esmagamento. A tecnologia pode detectar a presença de uma pessoa nesse espaço e impedir que o trem continue viagem.

A empresa instalará sensores de presença nesses espaços, entre a porta do trem e a porta da plataforma. Com isso, qualquer objeto, qualquer pessoa, qualquer coisa que esteja ali, será detectado e a porta não fechará. Fonte: Folha de São Paulo - 6.mai.202;g1 SP - 07/05/2025;UOL - 07/05/2025  

Comentário de Rodrigo Leal da Veiga

Vamos falar de clareza, coerência, lógica, discernimento, de bom senso. Obviamente sentimos pela morte de qualquer pessoa nessas condições, é lamentável. Dito isso, sejamos no mínimo lúcidos. Os trens não saem dos trilhos, o sistema é fixo, os acessos, as portas, os sinais sonoros, visuais, luminosos, tudo que orienta o passageiro sempre esteve lá, o sistema está ativo a vários anos, todo o processo de embarque e desembarque é visual, uns podem ver os outros usando o sistema. Os acidentes desse tipo quase sempre ocorrem por imprudência, do usuário, principalmente em SP, com milhões de pessoas usando o transporte e se colocando em risco por pressa, irresponsabilidade, falta de atenção, por brincadeira, por não ter amor a própria vida. Li uma matéria surpreendente a respeito dos metros de Londres e NY, fiquei surpreso com a quantidade de passageiros retirados sem vida dos trilhos, pelos mais diversos motivos, falta de segurança é o menor deles.

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sexta-feira, maio 30, 2025

JOVENS INTOXICADOS E MORTOS EM BMW NA RODOVIÁRIA DE BALNEÁRIO CAMBORIÚ

 
Quatro jovens foram encontrados sem vida dentro de uma BMW no estacionamento do Terminal Rodoviário de Balneário Camboriú, em uma ocorrência que mobilizou equipes de resgate e serviços de emergência da cidade. A maior suspeita das autoridades é morte por intoxicação gasosa.

A Central de Operações do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina (CBMSC) foi acionada por volta das 7h30 desse 1º de janeiro para prestar apoio às unidades do Samu, que estavam lidando com quatro pessoas em parada cardiorrespiratória.

Aos poucos a polícia começa a esclarecer as circunstâncias envolvendo a morte de quatro jovens em Balneário Camboriú na manhã desta segunda-feira (1º). O relato de uma mulher que estava com o grupo aponta que as vítimas, de 16, 19, 21 e 24 anos, relataram tontura, enjoo e até sangramento pouco antes de perderem a vida.  

A mulher contou ter vindo de Brasília para encontrar o namorado, que estava na BMW. Era por volta das 3h15min quando o grupo chegou para buscá-la já relatando um mal-estar. Como o trânsito estava intenso para conseguir ir a Florianópolis, onde moravam, teriam decidido ficar no estacionamento da rodoviária até que se sentissem melhor.

Segundo relato da mulher à Polícia Militar, o carro teria ficado com o ar-condicionado ligado e os quatro jovens dentro. Ela teria optado por ficar do lado de fora, mas por três vezes teria ido ao veículo ver se o namorado e os amigos tinham acordado. Por volta das 7h, a mulher percebeu que o companheiro estava sangrando pela boca. Foi quando pediu ajuda para chamar o Samu.

A equipe de socorro teria encontrado os quatro em parada cardiorrespiratória. Pessoas que estavam no local ajudaram a colocar as vítimas na calçada e por 40 minutos vários profissionais da saúde tentaram reanimar os jovens, mas sem sucesso. Todos morreram antes de serem levados ao hospital. Exames devem apontar de fato o que provocou os óbitos.

PERÍCIA

Uma perícia deve apontar a causa dos óbitos.

O carro passou por perícia e uma análise preliminar teria indicando uma perfuração no veículo jogando monóxido de carbono para dentro da BMW, segundo a Polícia Civil. A PM disse que não encontrou drogas ou bebida alcoólica no carro e acredita em morte acidental.

FAMILIARES

Familiares das vítimas estiveram na delegacia durante a manhã, mas só devem ser ouvidos ao longo da semana. Segundo o delegado Bruno Effori, estão todos bastante abalados pela morte prematura dos jovens e que ainda é incógnita às autoridades. Apenas uma mulher, namorada de Gustavo, seria ouvida nesta tarde. Isso porque ela encontrou o companheiro e os amigos passando mal e chamou o socorro. O grupo teria reclamado para a jovem de tontura, enjoo e um deles chegou a sangrar pela boca.

INVESTIGAÇÃO

A principal linha de investigação aponta que os jovens podem ter morrido por intoxicação de monóxido de carbono, provocada por uma perfuração encontrada no veículo. A perícia tentará responder se era um defeito de fabricação ou se foi provocado. Segundo o delegado a BMW havia passado por uma customização no sistema de escapamento, na parte externa. A informação foi repassada pela família dos jovens. A modificação era para aumentar o ronco do motor.

SISTEMA DE ESCAPAMENTO FOI ADULTERADO

O sistema de escapamento da BMW havia sido adulterado, o que provocou o vazamento do gás tóxico para o interior do veículo. O anúncio foi feito em entrevista coletiva concedida hoje após análise da Polícia Científica.

Os mecânicos responsáveis serão ouvidos pela polícia, que acredita que a customização foi feita de forma "caseira". No momento, trabalha-se com a hipótese de indiciamento por homicídio culposo.

A montadora não tem qualquer responsabilidade, concluiu a polícia. A modificação foi feita posteriormente, em uma oficina que não tem relação com a BMW.

MEDIÇÕES DETECTARAM

Medições detectaram concentrações de, no mínimo, 1.000 ppm (partículas por milhão) de monóxido de carbono dentro do carro. Para se ter uma ideia, a leitura em um carro sem adulteração é de 20 a 30 ppm, direto na saída do escapamento. Essa concentração, de 1.000 ppm, é suficiente para provocar inconsciência e levar à morte em um período entre uma e duas horas.

A modificação que trocou o catalizador do escapamento por um downpipe foi feita em Aparecida de Goiânia, em Goiás. O downpipe proporciona maior vazão do fluxo de gases, aumentando a rotação da turbina e assim conseguindo gerar mais potência para o carro.

CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL

A Polícia Científica de Santa Catarina concluiu que os quatro jovens encontrados mortos no dia 1º de janeiro, no interior de um carro na rodoviária do Balneário de Camboriú, foram intoxicados por monóxido de carbono, emitido ao interior do veículo por meio do ar-condicionado.

A falha decorreu de modificações feitas em uma peça do escapamento, com o objetivo de dar maior potência ao motor.

As investigações iniciais apontaram parada cardiorrespiratória, e as suspeitas – confirmadas pela perícia – eram de que, provavelmente, eles teriam se intoxicado com esse gás incolor e inodoro altamente letal, quando inalado em grande quantidade.

"As provas periciais demonstraram que a causa da morte das quatro vítimas se deu por asfixia por monóxido de carbono decorrente das alterações irregulares no escapamento”, resumiu a perita geral da Polícia Científica de Santa Catarina.

LAUDO PERICIAL

Alguns detalhes do laudo pericial e do inquérito, apresentados na sexta-feira (12 de janeiro de 2024) pela Polícia Civil do estado. Segundo a perícia as amostras de sangue e urina das vítimas não detectaram qualquer presença de drogas, medicamentos ou venenos.

Já as análises de presença de monóxido de carbono constataram saturação acima de 50% em três das vítimas e entre 49% e 50% na quarta vítima. Em outra frente, foi investigada a origem desse monóxido de carbono, gás bastante presente no ar, gerado pela queima de material orgânico.

“O problema da intoxicação ocorre quando estamos em ambiente fechado, confinados, em que ele atinge concentração superior à do oxigênio. Ele tem uma afinidade 200 vezes maior do que o oxigênio, quando em nosso sangue. Então rapidamente nossa hemoglobina troca o oxigênio por ele e o entrega aos nossos órgãos, e a morte ocorre lentamente”, explicou a perita Bruna Boff.

ORIGEM DO GÁS

Coube ao perito Luiz Gabriel Alves explicar a origem do gás que matou os jovens. Segundo ele, o veículo havia passado por algumas modificações, visando ampliar a potência e o ruído do motor. Uma das peças alteradas foi o chamado downpipe – parte do sistema de escapamento que se conecta com a saída do turbo do catalisador.

“A tubulação foi substituída, desviando o caminho do escape, sem que passasse pelos abafadores. Isso gera maior ruído e ganho de potência. Identificamos um rompimento próximo à grade que segue para o ar-condicionado”, explicou o perito.

A ausência de fixação ou solda no suporte do downpipe resultou na sucção do gás pelo ar-condicionado, transformando o interior do veículo em uma “atmosfera tóxica”, conforme mostrou o medidor de teor de gases utilizado pelos peritos.

Segundo Alves, a quantidade de gás emitido para a parte interna, quando o ar-condicionado estava ligado, era tão grande que superava o limite do medidor utilizado para a análise pericial. “Com o ar desligado, o resultado ficou em zero”, acrescentou ao explicar que essa modificação na peça não é permitida.

Responsável pelo inquérito policial do caso, o delegado Vicente Soares disse que, diante desse contexto, o foco da investigação será agora a oficina responsável pela modificação na peça. A alteração, segundo ele, foi feita na cidade de Aparecida de Goiânia, em Goiás.

“O proprietário da oficina relatou que o downpipe foi, de fato, manufaturado por eles, e que ela não foi comprada da indústria. Portanto é caseira. Os mecânicos serão ouvidos para a conclusão do inquérito policial, e os envolvidos na montagem do equipamento podem ser responsabilizados por homicídio culposo”, informou o delegado. Ele não informou o nome da mecânica que será foco das próximas investigações.

ÚLTIMOS MOMENTOS

O delegado Soares explicou como foram os últimos momentos das vítimas. No dia 31, quando a caminho de Camboriú, o veículo apresentou alguns engasgos. Como o problema parecia resolvido, os jovens deram sequência à viagem.

Após a virada de ano, todos começaram a passar mal, e acreditavam se tratar de intoxicação alimentar, causada pela ingestão de cachorros quentes. “Após a virada, eles foram à rodoviária para buscar uma amiga, às 3h15 [do dia 1º]. Chegaram ao local sentindo enjoo por causa do monóxido e resolveram então ficar no carro para tentarem se recuperar”, disse o delegado.

A amiga recém-chegada ficou do lado de fora, achando que todos estavam apenas dormindo no interior do veículo que estava com o ar-condicionado ligado. Na sequência, percebeu que a situação era grave, quando não conseguiu despertá-los, acionando o Samu. Eles foram encontrados já sem sinais de vida.

Segundo o diretor de Medicina Legal da Polícia Civil, as vítimas deram entrada no setor de medicina legal por volta das 10h15. “Eles apresentavam sinais característicos de asfixia, como congestão de face e mudanças de coloração, bem como manchas que aparecem no processo de decomposição, que se inicia logo após a parada cardiorrespiratória”, disse o legista. Fontes: NSC Total - 01/01/2024; O Correio de Santa Catarina - 1 de janeiro de 2024; UOL - 12/01/2024; Agência Brasil - Brasília -Publicado em 12/01/2024

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